Existiram diversos outros episódios de racismo contra nós ciganos ao longo da história. Mas o episódio mais catastrófico e recente, foi o massacre que sofremos durante a Segunda Guerra Mundial.
Poucos sabem, e menos ainda falam sobre isso, mas o povo cigano foi o segundo mais dizimado por Hitler no Holocausto, ficando atrás apenas dos judeus: alguns dados apontam que a perseguição nazista assassinou entre 70 e 80% dos meus ancestrais. Foi o chamado “Holocausto Esquecido”.
Antes mesmo de começar a Segunda Guerra, já se falava na “escória cigana” na Alemanha e chegaram a recomendar que os ciganos fossem marcados com ferro quente para que pudessem ser identificados.
Quando a Segunda Guerra começou, os ciganos Foram classificados como “doentes hereditários”, logo deveriam ser eliminados. Mas meus ancestrais lutaram até o fim. Alguns conseguiram fugir, o que foi o caso dos meus ascendentes diretos, que vieram refugiados para o Brasil. Mas outros infelizmente foram capturados e lutaram bravamente até o fim, mesmo no dia 2 de agosto de 1944, que ficou conhecido como a “Noite dos Ciganos”, quando todos os ciganos de Auschwitz (ler “auxuits”) foram eliminados. O diretor do campo na época escreveu em seu diário: “Não foi fácil levá-los para as câmaras. Eu mesmo não vi, mas meu colega me disse que foi mais difícil do que qualquer destruição em massa de judeus anterior”.
E assim meu povo foi massacrado.
E ao final da guerra ninguém lembrava mais.

Muitas pessoas me perguntam: "Janaína, eu quero virar cigano. Como eu faço isso?"
Gente, ser cigano é uma questão sanguínea. Não dá pra “virar cigano”. Ou você nasce cigano, ou não será cigano. Tudo se trata de laços de sangue. Por isso nossa cultura é tão tradicional e misteriosa, porque não existe a possibilidade de abertura. Somos um povo sem terra, marcados pelo sangue.